TIPOS
DE PESQUISA
De acordo com Gil (2008), qualquer classificação de
pesquisa deve seguir algum critério. Se utilizarmos o objetivo geral como
critério, teremos três grupos de pesquisa:
1. Pesquisas
Exploratórias
2. Pesquisas
Descritivas
3. Pesquisas
Explicativas
Assim, ao iniciarmos qualquer
pesquisa, deveremos primeiro saber qual é o objetivo desta pesquisa. De acordo
com esse objetivo, poderemos ter uma pesquisa exploratória, ou uma pesquisa
descritiva ou uma pesquisa explicativa.
A
PESQUISA EXPLORATÓRIA
Tente imaginar que você foi a primeira pessoa a ser convidada
para ser o tripulante de uma nave espacial que será lançada ao planeta Marte.
Até o presente momento, nenhum ser humano pousou em Marte. Todas as informações
de que dispomos sobre o planeta foram enviadas por sondas não tripuladas. Não
sabemos ainda como o ser humano poderá suportar uma viagem tão longa. Levando se
em conta a atual tecnologia de propulsão química, a viagem demoraria cerca de
dois anos. Se a nova tecnologia de plasma (que está sendo desenvolvida) ficar
operacional nos próximos 20 anos, existe a possibilidade desta viagem durar 40
dias. De qualquer modo, estamos pisando em terreno novo. Sabemos pouco ou quase
nada sobre viagens interplanetárias. Assim, tudo aquilo que pudermos aprender
com essa viagem, todas as experiências, todos os dados e informações coletadas
são importantes.
Uma pesquisa exploratória é exatamente o que a situação
anterior sugere. O objetivo de uma pesquisa exploratória é familiarizar-se com
um assunto ainda pouco conhecido, pouco explorado. Ao final de uma pesquisa
exploratória, você conhecerá mais sobre aquele assunto, e estará apto a
construir hipóteses. Como qualquer exploração, a pesquisa exploratória depende
da intuição do explorador (neste caso, da intuição do pesquisador). Por ser um
tipo de pesquisa muito específica, quase sempre ela assume a forma de um estudo
de caso (GIL, 2008). Como qualquer pesquisa, ela depende também de uma pesquisa bibliográfica, pois
mesmo que existam poucas referências sobre o assunto pesquisado, nenhuma
pesquisa hoje começa totalmente do zero. Haverá sempre alguma obra, ou
entrevista com pessoas que tiveram experiências práticas com problemas
semelhantes ou análise de exemplos análogos que podem estimular a compreensão.
PESQUISA DESCRITIVA
Certa vez fui assistir a um filme de aventura com meus
filhos. Nas poltronas da frente de onde nós assentamos havia duas adolescentes
conversando. O assunto do dia era a experiência do primeiro beijo pelo qual uma
das duas havia passado na noite anterior. Durante o tempo que antecede o filme,
elas continuaram conversando, não parecendo se importar (ou sequer tinham
notado) que havia pessoas sentadas logo atrás. A riqueza de detalhes que
descreviam a situação era impressionante. A roupa que ela estava vestindo, a
maquiagem, o perfume usado, o local escolhido, a aproximação, a roupa que ele
estava usando, como ele a abordou etc. Não cabe neste texto descer ao nível de
detalhes deste relato juvenil, e nem é esse o nosso objetivo. Entretanto, o
relato dessa experiência demonstra bem o que é uma pesquisa descritiva.
Descreve uma experiência, uma situação, um fenômeno ou processo nos mínimos
detalhes.
De acordo com Gil (2008), as pesquisas descritivas possuem
como objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de
uma experiência. Por exemplo, quais as características de um determinado grupo
em relação a sexo, faixa etária, renda familiar, nível de escolaridade etc.
Assim como pode acontecer em uma experiência amorosa (por exemplo, “se ele me
beijou, é porque gosta de mim”), a pesquisa descritiva pode estabelecer
relações entre variáveis (quando a enzima A entra em contato com os reagentes X
e Y, a reação química entre os dois últimos triplica de velocidade). Ao final
de uma pesquisa descritiva, você terá reunido e analisado muitas informações
sobre o assunto pesquisado. A diferença em relação à pesquisa exploratória é
que o assunto pesquisa já é conhecido. A grande contribuição das pesquisas
descritivas é proporcionar novas visões sobre uma realidade já conhecida. Nada
impede que uma pesquisa descritiva assuma a forma de um estudo de caso
(possibilidade mais comum das pesquisas exploratórias). Entretanto, as
pesquisas descritivas geralmente assumem a forma de levantamentos. Quando o
aprofundamento da pesquisa descritiva permite estabelecer relações de
dependência entre variáveis, é possível generalizar resultados.
PESQUISA EXPLICATIVA
A General Motors (GM) nos Estados
Unidos recebeu uma carta de um cliente com uma reclamação inusitada. Esse
“causo”, veiculado pela internet, é retratado a seguir:
“Esta é a segunda vez que mando uma carta para vocês, e não
os culpo por não me responder. Eu posso parecer louco, mas o fato é que nós
temos uma tradição em nossa família, que é a de comer sorvete após o jantar.
Repetimos este hábito todas as noites, variando apenas o tipo do sorvete, e eu
sou o encarregado de ir comprá-lo.
Recentemente comprei um novo Pontiac e, desde então, minhas
idas à sorveteria se transformaram num problema... Sempre que eu compro sorvete
de baunilha, quando saio da loja para voltar para casa, o carro não funciona.
Se compro qualquer outro tipo de sorvete, o carro funciona normalmente. Os
senhores devem achar que eu estou realmente louco, mas não importa o quão tola
possa parecer minha reclamação. O fato é que estou muito irritado com meu
Pontiac”. Essa carta gerou tantas piadas dentro da GM que o presidente da
empresa acabou recebendo uma cópia da reclamação. Ele resolveu levar a sério e
mandou um engenheiro conversar com o autor da carta. O funcionário e o
reclamante, um senhor bem-sucedido na vida e dono de vários carros, foram
juntos à sorveteria no fatídico Pontiac. Ao testar a reclamação, o carro
efetivamente não funcionou.
O funcionário da GM voltou nos dias seguintes, à mesma hora,
e fez o mesmo trajeto, e só variou o sabor do sorvete. Mais uma vez, o carro só
não pegava na volta quando o sabor escolhido era baunilha. O problema acabou
virando uma obsessão para o engenheiro, que passou a fazer experiências diárias, anotando todos os
detalhes possíveis e, depois de duas semanas, chegou à primeira grande
descoberta. Quando escolhia baunilha, o comprador gastava menos tempo, porque
este tipo de sorvete estava bem na frente da sorveteria, pois era o sabor
preferido da clientela. Examinando o carro, o engenheiro fez nova descoberta:
como o tempo de compra era muito mais reduzido no caso da baunilha, em
comparação aos tempos dos outros sabores, o motor não chegava a esfriar. Com
isso, os vapores de combustível na câmara de combustão não chegavam a se
dissipar, impedindo que a nova partida fosse instantânea.
A partir deste episódio, a GM mudou o
sistema de alimentação de combustível e o desenho da câmara de combustão,
introduzindo a alteração em todos os modelos Pontiac a partir desta época. Mais
que isso, o autor da reclamação ganhou um carro novo, além da reforma do que
não pegava com “sorvete de baunilha”. A GM distribuiu também um memorando
interno, exigindo que seus funcionários levassem a sério até as reclamações
mais estapafúrdias, “porque pode ser que uma grande inovação esteja por atrás
de um sorvete de baunilha”, segundo a carta da GM.
Este episódio pitoresco ilustra bem qual é o
objetivo de uma pesquisa explicativa. Segundo Gil (2008), a pesquisa
explicativa tem como objetivo primordial identificar fatores que determinam ou
que contribuem para a ocorrência de fenômenos. Este tipo de pesquisa é a que
mais aprofunda o conhecimento da realidade, e por isso mesmo, está fortemente
calcada em métodos experimentais. É uma pesquisa muita sujeita a erros (porque
dependem de interpretação, o que acarreta subjetividade), mas de grande
utilidade, pois geralmente possui aplicação prática. Assim, a pesquisa
explicativa toma muitas vezes a forma de uma pesquisa aplicada (ou pesquisa
experimental), ou pode também se utilizar de dados e informações de uma
pesquisa Ex-post facto.
DELINEAMENTO DE UMA
PESQUISA
Após a fase inicial de escolha do
objetivo de uma pesquisa (pesquisa exploratória ou descritiva ou explicativa),
segue-se uma outra fase, em que nós teremos que escolher os procedimentos
técnicos e/ou metodológicos para efetivamente conduzir a pesquisa. A fase
inicial nos fornece um norte teórico. A próxima fase irá fornecer o
planejamento da pesquisa, ou seja, como a nossa pesquisa vai acontecer. Gil
(2008) nos ensina que o elemento mais importante da fase de delineamento é a
coleta de dados. Nesta fase podemos utilizar vários instrumentos de coletas de
dados. Basicamente, existem dois grandes grupos de delineamentos: o grupo que
se vale de informações impressas (provenientes de livros, revistas, documentos
impressos ou eletrônicos), e o grupo que utiliza informações obtidas por meio
de pessoas ou experimentos. No primeiro grupo destaca-se a pesquisa
bibliográfica e documental. No segundo grupo, temos a pesquisa experimental, a
pesquisa ex-post facto, o levantamento, o estudo de caso, a pesquisa-ação e a
pesquisa participante.
DELINEAMENTO - PESQUISA
BIBLIOGRÁFICA
A pesquisa bibliográfica é básica e
obrigatória em qualquer modalidade de pesquisa. De forma geral, qualquer
informação publicada (impressa ou eletrônica) é passível de se tornar uma fonte
de consulta. Os livros constituem-se nas principais fontes de referências
bibliográficas. Os assuntos publicados em livros adotados como referências em
sistemas formais de ensino constituem-se em um conhecimento pronto para a
consulta. Na visão de Freire-Maia (1998), a ciência que já foi produzida e
testada, denominada como ciência-disciplina, está disponível nos livros. Os
assuntos publicados em periódicos (em nosso caso específico, em jornais e
revistas científicas) geralmente são informações que estão ainda se
sistematizando, pesquisas que ainda estão sendo comprovadas. Na visão de
Freire-Maia (1998), a ciência dos periódicos é a ciência-processo, porque ela
ainda está sendo elaborada, testada, discutida.
DELINEAMENTO - PESQUISA
DOCUMENTAL.
De acordo com Gil (2008), a pesquisa
documental guarda estreitas semelhanças com a pesquisa bibliográfica. A
principal diferença entre as duas é a natureza das fontes: na pesquisa
bibliográfica os assuntos abordados recebem contribuições de diversos autores;
na pesquisa documental, os materiais utilizados geralmente não receberam ainda
uma tratamento analítico (por exemplo, documentos conservados em arquivos de
órgãos público e privados: cartas pessoais, fotografias, filmes, gravações, diários, memorandos,
ofícios, atas de reunião, boletins etc).
A pesquisa experimental, também conhecida como pesquisa
empírica, utiliza-se de um experimento (modelo da realidade pesquisada) para
testar e validar hipóteses. Nesta pesquisa, determina-se um objeto de estudo,
identifica-se que variáveis participam e/ou interferem no processo, verifica-se
a existência (ou não) de relações de dependência entre as variáveis, e, em uma
outra etapa (geralmente denominada de pesquisa aplicada), analisa-se a sua
aplicabilidade prática, ou seja, de que modo esta pesquisa pode ser utilizada
para interferir na realidade. Em geral, o conceito de pesquisa científica na
visão do senso comum (ou conhecimento popular) está relacionado à pesquisa
experimental, uma vez que ela traz resultados palpáveis (práticos) para a
sociedade. Infelizmente esta visão parece ser também compartilhada por alguns
órgãos de fomento, incentivo e financiamento de pesquisas.
DELINEAMENTO - PESQUISA
EXPERIMENTAL
A pesquisa experimental, também conhecida como pesquisa
empírica, utiliza-se de um experimento (modelo da realidade pesquisada) para
testar e validar hipóteses. Nesta pesquisa, determina-se um objeto de estudo,
identifica-se que variáveis participam e/ou interferem no processo, verifica-se
a existência (ou não) de relações de dependência entre as variáveis, e, em uma
outra etapa (geralmente denominada de pesquisa aplicada), analisa-se a sua
aplicabilidade prática, ou seja, de que modo esta pesquisa pode ser utilizada
para interferir na realidade.
Em geral, o conceito de pesquisa
científica na visão do senso comum (ou conhecimento popular) está relacionado à
pesquisa experimental, uma vez que ela traz resultados palpáveis (práticos)
para a sociedade. Infelizmente esta visão parece ser também compartilhada por
alguns órgãos de fomento, incentivo e financiamento de pesquisas.
DELINEAMENTO - PESQUISA
EX-POST FACTO
A tradução literal da expressão
latina ex-post facto é “a partir do fato passado” (GIL, 2008, p. 49). O
propósito deste tipo de pesquisa é análogo ao da pesquisa experimental.
Entretanto, na pesquisa experimental temos hipóteses indutivas, ou seja, o
pesquisador vai testar as hipóteses, que só podem ser confirmadas por dados e
informações futuras, decorrentes da experiência. Em outras palavras, na
pesquisa experimental o pesquisador tem controle e possibilidade de manipular
os dados para obter novas informações.
Na pesquisa ex-post facto temos
hipóteses abdutivas, ou seja, os fatos já ocorreram e estão no passado. Isso
significa que o pesquisador não possui nenhuma possibilidade de controle ou de
manipulação dos dados, porque os processos que originaram estes já aconteceram.
O melhor exemplo para ilustrar este tipo de pesquisa é o processo para se
desvendar um crime. O crime já aconteceu, e todas as evidências (dados,
informações e variáveis) que podem comprovar como o crime ocorreu estão no
passado. Cabe ao pesquisador a tarefa de investigar as causas, identificando as
possíveis variáveis envolvidas e verificando se existe alguma relação entre
elas.
DELINEAMENTO – ESTUDO
DE COORTE
De acordo com Gil (2008), a pesquisa
conhecida com estudo de coorte refere-se a um grupo que possui entre si uma
característica comum. Neste caso, o grupo estudado constitui-se uma determinada
amostra de um universo de pesquisa, que deve ser acompanhado por um determinado
período de tempo para se investigar, por observação e análise comparativa, o
que acontece a este grupo. Este tipo de pesquisa é muito utilizado na área da
saúde, e pode, algumas vezes, representar um caso particular de uma pesquisa
experimental (estudo prospectivo) ou de uma pesquisa ex-post facto (estudo
retrospectivo). Por exemplo, suponha que se deseje pesquisar qual é a
influência da utilização de desenhos animados como recurso didático para
ensinar noções de cidadania a crianças do ensino básico. A pesquisa começaria
com escolha de turmas que utilizariam o desenho animado como recurso didático,
e um número equivalente de turmas que não utilizariam (grupo de controle), de
forma a se estabelecer uma comparação entre as duas.
DELINEAMENTO –
LEVANTAMENTO (PESQUISA QUANTITATIVA)
Este tipo de pesquisa é classificado
por muitos autores como um caso particular da pesquisa quantitativa. O
levantamento tem como característica principal a interrogação direta de pessoas
sobre um determinado assunto, por meio de um questionário. Quando todas as
pessoas do universo da pesquisa são interrogadas, temos um levantamento
censitário ou parametrizado. Quando apenas algumas pessoas do universo
pesquisado são escolhidas de acordo com um critério (amostra), temos um
levantamento por amostragem ou estatístico. Os dados coletados são
transformados em números que, após análise, geram conclusões que são
generalizadas para todo o universo de pesquisa. Este tipo de pesquisa possui
amplo alcance, permite um conhecimento objetivo da realidade e facilidade de sistematizar
dados em tabelas, gerando informações a partir de gráficos. Entretanto é um
estudo de pouca profundidade e que não permite a apreensão de características
dinâmicas inerentes ao processo. É um tipo de pesquisa que funciona bem como método de condução e
análise de pesquisas exploratórias e descritivas.
DELINEAMENTO – PESQUISA
DE CAMPO (PESQUISA QUALITATIVA)
Este tipo de pesquisa é classificado
por muitos autores como um caso particular da pesquisa qualitativa. A pesquisa
de campo não tem como principal característica a observação. A interrogação
direta raramente é utilizada, e quando é, materializa-se geralmente por meio de
uma entrevista semiestruturada. A pesquisa de campo não possui um amplo alcance
(próprio do levantamento), mas em compensação aprofunda muito mais a
investigação do fenômeno, o que exige mais participação do pesquisador na
investigação. Uma vantagem da pesquisa de campo em relação ao levantamento é o
fato de ser mais econômica, por não requerer equipamentos especiais para a coleta
de dados. Uma das desvantagens da pesquisa de campo é o tempo que demanda para
a sua realização, tipicamente superior ao do levantamento. Outra desvantagem
reside no fato de utilizar a observação como principal instrumento de coleta de
dados, que pode gerar um grau exagerado de subjetividade dependendo da conduta
do pesquisador.
DELINEAMENTO – ESTUDO
DE CASO
Trata-se de uma modalidade de
pesquisa muito específica, pois consiste no estudo profundo e exaustivo de um
único objeto ou de poucos objetos (um caso particular). Depende fortemente do
contexto do estudo, e seus resultados não podem ser generalizados.
DELINEAMENTO –
PESQUISA-AÇÃO
Trata-se de uma modalidade de
pesquisa polêmica, uma vez que representa uma situação em que o pesquisador e
os participantes precisam agir em conjunto para resolver uma situação real.
DELINEAMENTO – PESQUISA
PARTICIPANTE
Trata-se de uma modalidade de
pesquisa também polêmica e muito confundida com a pesquisaação. Possui
estreitas semelhanças com a pesquisa-ação porque o pesquisador também é um
participante da pesquisa. Entretanto, procura minimizar a distinção entre
dirigentes e dirigidos, razão pela qual é muito utilizada em pesquisas de
intervenção social e/ou religiosa.
TIPOS DE PESQUISA De acordo com Gil (2008), qualquer classificação de pesquisa deve seguir algum critério. Se utilizarmos o objetivo ger...